ISAVIÇOSA

ISAVIÇOSA na XIV Troca de Saberes

O ISAVIÇOSA marcou presença na XIV Troca de Saberes, evento que aconteceu de 21 a 24 de julho, na Universidade Federal de Viçosa, dentro da programação da 93ª Semana do Fazendeiro.

De acordo com a Comissão Organizadora, “a Troca de Saberes é um conjunto de atividades que consiste na organização dos participantes em grupos temáticos, proporcionando-lhes a oportunidade de apresentar, socializar e discutir suas experiências cotidianas, conhecimentos tradicionais e práticas de sucesso na pequena produção. A Troca de Saberes faz o casamento entre o conhecimento técnico e o saber popular”. E o tema da Troca desse ano foi “Educação do Campo e Territórios: Um embornal de sonhos e lutas”. 

O ISAVIÇOSA esteve presente com duas Instalações Artístico-Pedagógicas (IAPs) e também divulgando o curso Homeopatia na Agricultura: Semelhante cura Semelhante.

Para a divulgação do curso, foi montada uma banquinha com materiais informativos (banners, folhetos, cartilhas). Luisa Bittencourt, uma das facilitadoras do curso, esteve presente em vários momentos do dia dialogando com as pessoas interessadas pelo tema.

Instalações Artístico-Pedagógicas – IAPs

Plantio de Água

PLANT`ÁGUA “Coloca Água em Qualquer Lugar da Montanha” aconteceu nos três dias da Troca, com atividades durante todo o dia. Newton Barbosa, Marcelo Gomes e Davi Senna apresentaram um conjunto de materiais e informações relacionadas à tecnologia social “Plantio de Água”. Demonstraram os caça-chuvas, as lonas abertas para captação de água de chuva. Newton Barbosa promoveu uma abordagem lúdica com a participação do personagem agricultor Falasério, uma marionete criada por ele.

Os facilitadores apresentaram também as ações desenvolvidas no Espírito Santo, no Sítio Jaqueira, que deram origem ao plantio de água. Contaram sobre a ampliação da tecnologia para outras comunidades, através do Projeto Plantadores de Água (2013 a 2015), passando pelo curso realizado em 2015, no ISAVIÇOSA, no qual se estreitou a relação com Viçosa e Zona da Mata.  Apresentaram ainda as principais técnicas do plantio de água, abordando as noções de bacias hidrográficas e ciclo da água. “De onde vem a água? Para onde vai água?” foram as perguntas geradoras para uma grande troca de saberes e experiências, com mais de 300 pessoas, – de acordo com o cálculo dos facilitadores – que interagiram durante os três dias de evento.  

De acordo com Davi Senna, o movimento foi intenso e o público bem diverso: agricultores, sitiantes, estudantes de EFAs e universitários, professores, além do público que circulava pelo evento. “Foi uma troca muito positiva.  Conseguimos expandir, multiplicar, disseminar as informações sobre a tecnologia de plantio de água para um número grande de pessoas. Ao mesmo tempo em que foi também uma oportunidade de aprender mais, de alimentar nossa motivação e entusiasmo para seguirmos firmes no trabalho da Agroecologia e do plantio de água”.

Muvuca de Sementes

Na manhã de domingo, 23 de julho, em um espaço autogestionado, o ISAVIÇOSA em articulação com a The Nature Conservancy – TNC e com o apoio do Instituto Socioambiental – ISA e da Rede de Sementes do Vale do Paraíba, abordou o tema  “Muvuca de sementes: diversidades para a restauração de ecossistemas.” Foi feita uma rodada de apresentação, na qual as pessoas eram convidadas a colocar suas primeiras impressões a respeito da necessidade da restauração dos ecossistemas e o que entendiam por muvuca de sementes. Em seguida, foram abordados alguns elementos dos efeitos das mudanças climáticas e seus possíveis efeitos no cotidiano das famílias agricultoras e, como a semeadura direta de muvuca poderia auxiliar na mitigação e enfrentamento desses processos.

Os facilitadores da atividade foram Bráulio Furtado, gestor de projetos do ISAVIÇOSA, e Mariana Pimentel Pereira e Thiago Ribeiro Coutinho, assentados do MST no Vale do Paraíba- SP e integrantes da Rede de Sementes do Vale do Paraíba. Mariana e Thiago relataram suas experiências no processo de coleta e beneficiamento das sementes, a organização das redes e seus processos. Falaram também da característica de diversas sementes que estavam expostas no centro da roda e, depois desse bate papo, os presentes realizaram a mistura dessas sementes.  Ao final, alguns participantes levaram um pouco dessa muvuca para plantarem em seus terrenos.

Na parte da tarde, realizaram uma roda de conversa a respeito das sementes crioulas, na qual o tema da muvuca também foi abordado. Mariana e Thiago puderam falar, dessa vez para um público mais amplo, a respeito de sua relação com as sementes tradicionais e de uns tempos para cá, com as florestais também, a partir da participação nas redes de sementes e ações de plantio de muvuca. Na feira de troca de sementes, que aconteceu logo depois da roda de conversa, também foram distribuídos sacos de muvuca de sementes para agricultoras e agricultores presentes.

Os facilitadores fizeram um convite às pessoas presentes para darem continuidade nesse processo de construção do conhecimento no entorno da coleta de sementes florestais e semeadura direta de Muvuca de Sementes.   

De acordo com Bráulio Furtado, por ser um tema novo no território, ele acredita que a vivência na Troca de Saberes foi muito enriquecedora para quem tem interesse pela área da restauração dos ecossistemas. “Mariana e Thiago trouxeram um embornal cheio de saberes a respeito das relações com as sementes e suas oportunidades, tanto na geração de renda, quanto sua importância para a mitigação e enfrentamento das mudanças climáticas. Durante as intervenções as pessoas se mostraram sensibilizadas e instigadas a desbravar esse universo que representam as sementes e toda a ancestralidade que carregam”. Bráulio relatou ainda que o tema da muvuca de sementes despertou a curiosidade de algumas pessoas que manifestaram a vontade de continuar a buscar mais conhecimento a respeito. E indicou que estão trabalhando na articulação de intercâmbios em algumas comunidades para dar continuidade na “prosa” e apoiar a criação das redes de coleta de sementes no território do Polo Agroecológico e de Produção Orgânica da Zona da Mata.

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